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Centro de Atenção Psicossocial Santo Agostinho de Fortaleza: o combate à vulnerabilidade social

Nasceu como uma ação, em busca de transformação social e apoio organizado, às famílias mais vulneráveis de Fortaleza. Embora tenha acabado de mudar as suas instalações para um novo espaço, não mudaram nem os seus objetivos nem a sua filosofia de estar perto de quem mais sofre.

Desde a chegada dos Agostinianos Recoletos à Fortaleza, capital do Estado do Ceará, no início do século XXI, sua presença está vinculada a espaços urbanos especialmente castigados pela desigualdade, pobreza, moradia precária e falta de oportunidades.

Quase desde o primeiro dia de sua chegada, nos portões do antigo Seminário Santo Agostinho dos Agostinianos Recoletos, no bairro Barra do Ceará, as pessoas formavam filas pedindo alimentos ou remédios, em sua maioria mulheres sozinhas com menores aos seus cuidados.

A desestruturação familiar, a falta de oportunidades, a enorme dificuldade em encontrar empregos estáveis com contratos legais, algo quase impossível para as mulheres que nunca tiveram acesso à formação, junto com o próprio machismo estrutural, são as complexas razões pelas quais essas famílias sejam as mais vulneráveis.

Para sistematizar a ajuda e sair da bolha do assistencialismo que, embora resolva dificuldades imediatas, não proporciona melhora a longo prazo, os Agostinianos Recoletos há seis anos criaram o Centro Psicossocial Santo Agostinho

É um projeto complementar a outra grande obra social desta Ordem Religiosa em Fortaleza, o Lar Santa Mônica, que visa o atendimento direto, através do acolhimento permanente, após determinação das autoridades competentes, de meninas e adolescentes que passaram por processos de violência, abandono, desescolarização, abuso ou exploração de qualquer tipo, incluindo sexualidade comercial.

Se o Lar Santa Mônica foi levado para um espaço que garantisse a segurança das hóspedes e o afastamento do contexto agressor, o Condomínio Espiritual Uirapuru, um pomar no meio de Fortaleza destinado a diversos projetos sociais eclesiais, o Centro Psicossocial Santo Agostinho precisava ser o oposto disso, pisar na lama e na poeira das ruas dos subúrbios pobres.

No início de 2021, os Agostinianos Recoletos mudaram sua comunidade para um novo bairro chamado, Jangurussu, no extremo sudoeste de Fortaleza. mais próximo ao Lar Santa Mônica, mas não em melhores condições do que o anterior,

Segundo o Instituto de Estudos de Estratégia Econômica do Ceará (IPECE), cuja última publicação no bairro data de 2012 (portanto, há quase dez anos), o bairro contava então com 50 mil habitantes, dos quais 5.500 viviam em extrema pobreza. Todo o bairro apresenta Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,172 (muito baixo). Em 2017, foi o bairro com mais homicídios por habitante da cidade.

Neste contexto, e graças à Paróquia de São Francisco de Assis servida pela Congregação de São José (Josefinos de Murialdo), a CAPSA conseguiu obter instalações adequadas em Jangurussu, espaço da antiga capela de Santa Teresa de Calcutá, que não funcionava mais como um templo.

Seis meses após a inauguração das novas unidades, o CAPSA já conta com 75 mulheres em registro de acompanhamento e atendimento. Todas elas lideram famílias das quais dependem cerca de 300 pessoas, entre idosos, adolescentes e crianças.

Mensalmente (cerca de 20 por semana), essas 75 mulheres visitam o CAPSA e recebem capacitação em temas específicos e variados como: higiene familiar, saúde e prevenção social, gestão sustentável do lar, direitos e deveres do cidadão, relações com a Administração Pública e serviços, ofertas …

Para isso, múltiplos especialistas de diversas áreas (direito, saúde, agentes sociais, segurança) colaboram com o CAPSA oferecendo palestras e compartilhando momentos com as beneficiárias para tirar suas dúvidas e responder suas perguntas.

A atuação das assistentes sociais e voluntárias do CAPSA tem como foco o acompanhamento personalizado e a atualização permanente dos cadastros, para que novas ações sejam desenvolvidas com dados objetivos.

Assim, através deste acompanhamento, se consegue transferir pedidos oficiais de ajuda para as autoridades públicas, consoante cada caso e particularidade. Os direitos dos menores, sua alimentação e escolaridade são garantidos; as mulheres são orientadas a prevenir casos de violência ou abuso de gênero. Tudo está preparado para levar a prática as ações judiciais necessárias em caso de eventual violação de direitos.

Esta é uma das tarefas mais sensíveis do CAPSA; que suas beneficiárias sejam e se sintam efetivamente cidadãs em uma sociedade que conta com certos mecanismos para seu apoio, mais do que o necessário; mas, além de poucos, as beneficiárias não sabem como acessá-los por falta de informação, de cultura geral, por certo temor natural ante a autoridade, dados os contextos em que viveram toda a vida.

Por fim, a CAPSA entrega a essas 75 famílias cerca de uma tonelada e meia de alimentos previamente doados ao projeto. Isso permite, de alguma forma, diminuir as duras consequências que, a falta de renda regular e seu distanciamento da igualdade de oportunidades e da participação na economia formal e legal, produzem para essas famílias.

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